
"E uma solidão tão maior que o ser humano pode suportar, esta solidão me toma se eu não escrever: eu vos amo...
Talvez o céu tenha nuvens vermelhas, a lua esteja fininha e eu já terei também outra leva de sentimentos, nos meus fatais altos e baixos...
Mas, Deus meu. Como é que se é feliz? Pois não aguento mais a solidão neste mundo de Carlos Drummond de Andrade...
Ora, não sou linda. Mas quando estou cheia de esperança, então de minha pessoa se irradia algo que talvez se possa chamar de beleza...
Há um grande silêncio dentro de mim. E esse silêncio tem sido a fonte de minhas palavras...
Tenho profunda antipatia por mim. O que farei de mim? Quase nada..
O mundo falhou para mim, eu falhei para o mundo. Portanto não quero mais amar...
Mas sei que hoje é um grito! Um grito! de cansaço. Estou cansada!
Só peço uma coisa: na hora de morrer eu queria ter uma pessoa amada por mim ao meu lado para segurar a mão. Então não terei medo...
É que também de repente me vieram então perguntas terríveis: quem sou eu? como sou? o que ser? quem sou realmente? e eu sou?
E muitas disseram: "Seja você mesma."
A coisa se esclarece sozinha com o tempo: assim como num copo d'água, uma vez depositado no fundo o que quer que seja, a água fica clara...
Aliás, tenho me convivido muito ultimamente e descobri com surpresa que sou suportável, às vezes até agradável de ser...
No entanto, já estou de algum modo presa à terra: sou uma filha da natureza: quero pegar, sentir, tocar, ser...
Como você me fez sentir útil ao dizer-me que sua capacidade intensa de amar ainda se fortaleceu mais...
O preço é muito alto, o preço é muito caro, e eu estou cansada. Sempre paguei e de repente não quero mais.
Eu às vezes tenho a sensação de que estou procurando às cegas uma coisa; eu quero continuar, eu me sinto obrigada a continuar...
Preciso fazer um retiro espiritual e encontrar-me enfim - enfim, mas que medo - de mim mesma...
Tão humilde que fico. Pois não mereço tanto...
Às vezes minha alma se contorce toda...
O coração tem que estar puro para que a intuição venha. E quando, meu Deus, pode-se dizer que o coração está puro?
Desde então, porém, eu havia mudado tanto, quem sabe agora já estava pronta para o verdadeiro "era uma vez"...
Fico com medo. Mas o coração bate...
Es-tou vi-va. Talvez eu não mereça tanto. Estou com medo. Mas não quero terminar com medo...
Viver é dramático. Mas não há escapatória: nasce-se..
Eu não sou nada. Sou um domingo frustrado. Ou estou sendo ingrata? Muito me foi dado, muito me foi tirado. Quem ganha? Não sou eu não...
Por favor me poupem. Estou tão só. Eu e meus rituais...
No fundo sou sozinha. Hã verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves...
Estou com pressa de ver Deus. Rezem por mim. Morri com elegância...
Peço o favor de fazerem silêncio. Assim: si-lên-cio. Estou tão triste...
Tanta pobreza de alma. E tu a exigires de mim. Eu, que nada posso..
Me mato? Não. Vivo como bruta resposta. Estou aí para quem me quiser...
É contraditório? Mas o que é que não é contraditório?
O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou...
Há alguma coisa aqui que me dá medo. Quando eu descobrir o que me assusta, saberei também o que amo aqui...
Dói. Dói muito ter um amor impotente. Continuo porém a esperar..."