Diante de mais um novo dia, ela acorda, e começa tudo novamente.
Logo após, o inter fone toca, e ela abre a porta:
- Pois não?
- Correspondência para a Dona Cecília.
- Sou eu.
Ela pega a correspondência. Era uma carta de uma pessoa que a muitos anos não via. Surpresa pelo remetente, ela começa então ler a carta.
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São Paulo, 06 de Janeiro de 2011.
Cecília
Creio que talvez você não se lembre mais de mim. Mas me lembro de você, como se fosse ontem a ultima vez que a vi.
Sempre fomos grandes amigos. Eu sempre estive do seu lado em praticamente todos os momentos, até o dia em que parti. Não foi uma escolha fácil, mas a vida nos faz fazer escolhas difíceis.
Mas mesmo eu tentando, nunca consegui fazer você ver o que eu realmente sentia.
Porém, assumo que fui covarde, por não ter te falado na hora certa o que eu sentia.
Ah Cecília....se você soubesse...
Hoje você tem a sua vida, e eu tenho a minha. Quando me afastei de você, você não entendeu o por que, e eu também não quis ao mesmo te explicar...
Mas mesmo depois de tanto tempo, tantos anos, eu sempre me culpei por nunca ter te falado.
Sei que hoje é tarde. Mas depois que descobri minha doença terminal...não poderia partir antes de te falar.
Cecília...eu sempre te amei. Sempre.
Mas o medo da rejeição...da sua rejeição...me impediu de te confessar tal fato.
Hoje não tenho nada a perder. Os meus dias estão contados. Mas naquela época a unica coisa que eu tinha era a sua amizade...o medo de não ter ao menos isso, fez com que me cala-se durante todos esses anos.
Sei que é tarde, não posso voltar ao passado. Mas gostaria que soubesse, e soubesse o por que parti. Sei que ficou magoada comigo, mas, você estava noiva...era demais para mim.
Saiba que ainda amo você. Sempre a amei e sempre a amarei. Apenas gostaria que você soubesse.
Roberto.
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Cecília ficou paralisada. Depois de tantos anos...
- Por que ele não me falou? Eu sempre achei que ele não me amava...
Por isso resolvi fazer minha vida. Quando ele sumiu, de repente, não atendia meus telefonemas, foi embora da cidade sem se despedir...fiquei muito magoada mas nunca entendi o por que.
Ah Roberto...se você soubesse...eu também te amava.
Cecília procurou até que conseguiu encontrar Roberto, já em estado terminal no hospital.
Cecília o visitou...não acreditava que estava vivendo aquilo, depois de tantos anos.
Roberto estava inconsciente. Mas mesmo assim, Cecília falou com ele.
-Roberto, sou eu, Cecília. Recebi sua carta. Eu...não acreditei. Mas quero que saiba que eu também te amava. Nunca o esqueci...eu não sabia...
Mas como você está partindo...gostaria que soubesse disso.
Roberto, ouviu o que Cecília disse, mesmo inconsciente. E um leve sorriso sereno passou por sua face.
Então, Roberto partiu.
Moral da historia: Nunca deixe de demonstrar seus sentimentos, ou deixar para amanhã o que pode ser feito hoje. A vida passa depressa, não temos tempo a perder. Amanhã pode ser tarde demais.
Renata
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